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Texto: Eta Matsinhe

Foto: Yassmin Forte

Edição 76 Nov/Dez| Download.

Janeth Mulapa – A voz em movimento

Dança como se falasse. O movimento é a voz a fazer-nos olhar para questões como as guerras e o género. Está agora a trabalhar em “Sónias”. Ei-la, Janeth Mulapa, na primeira pessoa.

Quando é que entrou para a dança profissional?

Quando mais nova, em convívios familiares, observava as pessoas a dançarem e quando voltava para casa executava os passos. A partir de certa altura, quando dançava, os outros familiares perguntavam ao meu pai porquê não me colocava na Escola de Dança. Mas ele não via com bons olhos e sempre deu direcção para o desporto. E dizia que, quando fizesse, a 12ª classe, podíamos conversar. Ao ingressar para a faculdade, um amigo trouxe um folheto de uma nova escola de dança que oferecia bolsas de estudo.  Então, pelo intermédio da minha mãe, pedi novamente a autorização. Nessa altura, ele não teve outra alternativa se não aceitar.

Quando terminei, não houve bolsa de estudo, mas convidaram-me a fazer parte da Companhia da escola. Então, parti para uma tournée na zona sul de Moçambique, mas era algo relacionado à educação física. Já em 2002, participei de uma audição onde foram seleccionados 15 bailarinos para trabalhar com coreógrafos internacionais. Após o programa de formação e uma exibição em Maputo, fomos convidados a fazer uma tournée no estrangeiro. Depois dessa tournée nunca mais parei.

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▶ As peças a solo foram uma necessidade?

Comecei em 2014. Fiz o primeiro projecto, estava bom para alguém que estava a começar e depois fiz a peça “O meu género mora aqui”, curiosamente o vídeo que viralizou onde apareço a dançar com o primeiro-ministro português, António Costa, é uma pequena amostra da obra. Depois dessa vieram outras obras.

Em “Sónias”, com coreografia de Horácio Macuácua, Janeth trabalha com a bailarina alemã, Anika Sónia.

▶ O género é uma preocupação, quando decide criar?

Não sou feminista, mas abordo questões ligadas ao espaço da mulher na sociedade. Sou muito de justiça e gosto que as coisas sejam equitativas. Também, abordo a necessidade paz. O espectáculo “Vozes” é uma expressão de solidariedade às vítimas das guerras no mundo. E temos assistido a várias guerras nos últimos tempos.

▶ Para que lugar pretende levar o seu público quando está em palco?

Quero que o público viaje comigo. Quero que as pessoas saiam sentindo-se diferentes de quando entraram. Mas a viagem sempre é individual.

Está a trabalhar em “Sónias”, que já vimos em palco.

O projecto “Sónias” é uma obra que ainda está em processo de construção. Então, o que apresentamos, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, era um ensaio com a participação do público. Temos ideia do que queremos, então pegamos nas pessoas (público) e embarcamos numa viagem.

Destaques

Em “Sónias”, com coreografia de Horácio Macuácua, Janeth trabalha com a bailarina alemã, Anika Sónia.

“Sou muito de justiça e gosto que as coisas sejam equitativas.”

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