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Texto: Elton Pila

Foto: Ildefonso Colaço

Edição 78 Março/Abril| Download.

Adecoal – Moda que provoca

Santíssima trindade. Desenvolvimento. Ou celebrado num gesto de mãos pelo rapper Jay-Z. O triângulo há muito que faz parte do imaginário colectivo. E é também esta figura geométrica a imagem da Adecoal Wear. Não apenas um, mas três triângulos inseridos um dentro doutro, como matrioskas, as famosas bonecas russas. Simbolizam o crescimento e talvez também as três partes que formam o nome da marca. Afinal, Adecoal deriva das iniciais de Alberto Correia Adelino, nome do criador, em sentido inverso. Mas, numa língua autóctone da Nigéria, o nome tem um significado ainda maior: «o que vai dominar». E é esta ambição que lhe descobrimos, depois de algum tempo de conversa. “Meu projecto de carreira é estar ao nível da Nike”, disse.

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Funde a técnica do Design da formação e as Artes Plásticas de aspiração própria em colecções interventivas, a trabalhar com materiais como linho, napa, capulana e algodão. “Não me queria reduzir aos que fazem da moda apenas alfaiataria”. Mais do que habilidade de costurar, pensou sempre no processo anterior e interior de cada colecção. E foi o que vimos em “Marandza Collection” (2019), “Savage Collection” (2020) ou “Xizame” (2022). E, mais recentemente, em colecções que parecem surgir da lama do pecado da terra.

Um caminho que já o teria levado a Deira City, Dubai, para participar do Fashion With Purpose. Uma oportunidade para apresentar a sua visão de moda para o mundo. Antes, apresentou-a em passarelas nacionais, foram três edições do Mozambique Fashion Week, participação na exposição de moda Africanicidade instituída pelo ABSA Bank e colaborações com a artivista Énia Lipanga e o estilista Nivaldo Thierry.

Como uma peça de roupa pode nos fazer pensar em situações como a guerra e na marginalização de centenas de trabalhadores do sector informal? Ou nos fazer (re)pensar nas referências religiosas? Foi o que nos levou a pensar em “Combatentes dos Desenrascados”. E é isto que está a ser “Black Jesus”, uma provocação para apontarmos o nosso olhar para além do consensual. “Não estou, necessariamente, a induzir as pessoas a acreditar em um Jesus negro. Estou apenas a sugerir novas visões ou perspectivas”. É a moda-arte a questionar, se não para obter respostas, pelo menos, para fazer-nos pensar nos tabus.

▶ Destaques

“Meu projecto de carreira é estar ao nível da Nike”, Alberto Correia Adelino

Moda-arte para fazer-nos pensar nos tabus.

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