Menu & Search

Texto:  Vittoria Di Lelio

Foto: Júlio Marcos

Edição 75 Set/Out | Download.

Wonna Bay Vila – Saboreando Moçambique inteiro, olhando para a baía

Wonna Bay Vila nasce de um sonho. Um sonho que acompanhou a vida de Rachida Melo desde que era uma criança, na vila de Luabo, na Zambézia. Conta ela que o primeiros anos da vida dela passou-os junto do fogão da cozinha onde a mãe preparava a comida nutrindo a alma e o espírito dos filhos, dando-lhes uma identidade.

Mais tarde se afastou da cozinha e do Luabo. Foi a Maputo onde estudou e ficou a trabalhar até quando, finalmente na reforma, deu vida ao seu sonho de criança e à volta de panelas e especiarias recuperou o tempo passado. Fê-lo com o marido, na Catembe. Fê-lo no Wonna Bay Vila, onde Rachida procura levar os vários sabores de Moçambique para a mesa.

É um restaurante, um hotel, uma sala para congressos e uma vista fabulosa sobre a baía de Maputo. Wonna vem daí, pois, porque wonna é ver em changana. E brincando com as palavras veio o nome de Wonna Bay Vila onde se pode comer o melhor caranguejo grelhado com leite de coco do Sul de Moçambique, a mais cremosa mucapata, com feijão soroco, leite de coco e arroz; uma galinha à zambeziana de chorar por mais, um saboroso mucuane, um caril de camarão com quiabos que até convida a lamber os dedos… E como não falar da deliciosa mousse de malambe? Ou os pasteis de mandioca com recheio de camarão e queijo, (também na versão vegetariana), os cakes de mandioca, o matoritori e o pão de sura feitos como a tradição zambeziana manda e a mabûratcha, o pão com leite de coco típico da província de Sofala, o muri-muri, feijão-soroco à moda indiana que tanta influência teve na culinária costeira de Moçambique.

É um restaurante, um hotel, uma sala para congressos e tem uma vista fabulosa sobre a baía de Maputo.

Publicidade

Especiarias bem doseadas que vem directamente da horta – gengibre, açafrão-da-Índia, cardamungo, manjericão, hortelã, coentros, alho, cebolinho… – suco de lima perfumado, piri-piri quente na sua frescura… um concentrado de sabores. Vale a pena dizer que o feijão-soroco e o arroz não estão maquilhados para fingir que são a sério: vêm directamente da Zambézia!  Digam lá, ante tal mostra de arte culinária, não estão já de água na boca?

Ingredientes fresquíssimos, confeccionados de forma simples, com todo o tempo necessário, em pleno respeito da tradição, para manter o sabor. Porque na cozinha não há tempo perdido, na cozinha recupera-se o tempo perdido… Dona Rachida faz questão disso e, com um sorriso, diz-nos que só com o tempo necessário, e com muito carinho, é que se deve cozinhar. Como diz Mia Couto “cozinhar não é serviço… cozinhar é um modo de amar os outros”.

No Wonna Bay, pode-se almoçar ou jantar na sala de jantar ou debaixo do alpendre, mas o verde das árvores convida para saborear a comida no jardim, à sombra das casuarinas, com os pássaros a chilrear, desfrutando o maravilhoso espectáculo da luz da baía de Maputo.  Um pequeno espaço com baloiços e outros brinquedos para as crianças brincarem e muitas flores ao redor.

Agora é só saborear e olhar para a baía. São servidos?

Edição 75 Set/Out | Download.

0 Comments

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.