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Swakopmund – Uma Viagem Sem Tempo

Swakopmund – Uma Viagem Sem Tempo

Quando conduzimos os cerca de 350 km que unem Windhoek a Swakopmund pela primeira vez, é difícil não imaginar o que iremos encontrar depois da imensidão do deserto da Namíbia. A resposta é quase tão simples quando o caminho: uma bonita cidade à beira-mar.

A história da Namíbia carrega um legado colonialista semelhante ao dos seus países vizinhos (Zâmbia, África do Sul, Angola e Botsuana). Nesse sentido, Swakopmund é hoje um dos locais mais bem preservados da arquitectura colonial alemã no mundo e, ainda hoje, uma cidade com uma minoria considerável que fala alemão. Com quase 42 mil habitantes, é um espaço complicado de não se gostar.

Os amantes de pesca terão aqui o desafio de escolher o melhor local para lançarem as canas. Ao longo de toda a B2 (a estrada que liga Windhoek a Swakopmund), vêem-se dezenas de carros com as canas prontas a entrar em acção. Aliás, esses serão os seus principais companheiros de viagem pela estrada fora, já que é provavelmente que não se cruze com mais ninguém até avistar os restos de barcos que em tempos navegaram pela costa namibiana.

Percorrer esta estrada é a materialização do velho cliché: “a melhor parte de uma viagem é o caminho, não o destino” – vai ter muito tempo para pensar, repensar, e voltar a pensar, porque, mesmo com companhia, vai perceber que o deserto transmite uma grande serenidade.

A cerca de 120 km de Swakopmund, na região de Erongo, vira-se à direita a caminho de Cape Cross. O Cabo da Cruz (em português) foi descoberto pelo navegador Diogo Cão e o nome do local deve-se ao facto de, em 1486, o português ter erguido um padrão de pedra com o objectivo de assinalar o ponto mais meridional atingido então por europeus em África.

“Uma das atracções próximas de Swakopmund é Walvis Bay e a sua imensa colónia de flamingos.”

Cape Cross é hoje uma reserva natural protegida pelo Governo da Namíbia e acolhe uma das maiores colónias de leões-marinhos e focas do país. Não terá dificuldade em encontrá-la, tal é a intensidade não só do cheiro como do latido dos animais. A reserva foi criada no final da década de 60 e durante o mês de Dezembro, na época de reprodução, o número de animais pode atingir os 100 mil.

Cumprimentados os animais, segue-se até Swakopmund quase sempre, mesmo que distante, com a companhia do mar. Ora, como é que se tenta descrever uma cidade tão singular? Swakopmund representa o momento em que o Deserto da Namíbia se enamora do Oceano Atlântico, com tudo o que isso acarreta de misterioso. Enquanto cidade costeira, tem praias de águas frias e areia com todos os tons do deserto. Os passadiços à beira-mar relembram a costa da Cidade do Cabo e são um convite constante para passeios ao ar livre e caminhadas em família. O final de tarde merece uma especial atenção já que a vista pelo pontão recebe o pôr-do-sol, que ocorre no mar.

Nos vários restaurantes, vai poder encontrar uma gastronomia que une as influências alemã e sul-africana à riqueza de uma orla marítima bastante rica. A disponibilidade hoteleira é ampla, mas recomenda-se que as reservas sejam feitas com relativa antecedência.

Uma das curiosidades que caracteriza o mistério de Swakopmund é a maresia, muitas vezes transformada em neblina, que cobre a cidade. Por outro lado, a arquitectura de influência alemã confere linhas bastante coloridas e específicas a toda a cidade, como são os exemplos da prisão Altes Gefaengnis (idealizada por Heinrich Bause) e a Woermannhaus, hoje um museu militar.

O centro da cidade é bastante cuidado e as cores do mar transferem-se para os edifícios dos principais serviços.  Vai encontrar todas as facilidades que necessita e na dúvida, umas palavras na língua inglesa resolvem o assunto.

▶COMO IR HOW TO GO

Há quem goste da envolvência da estrada e que já tenha feito Maputo a Swakopmund, ligando os dois oceanos por terra. Uma alternativa mais cómoda é apanhar o voo da LAM em Maputo, com paragem em Joanesburgo, e ali apanhar uma ligação para Windhoek.  Chegados à capital namibiana, o melhor é alugar um carro.

▶ONDE FICAR

Swakopmund oferece uma grande diversidade de serviços. Há várias opções à beira-mar, mas uma das referências com uma qualidade-preço interessante é o Atlantic Villa Boutique Guesthouse.

▶ Onde Comer

Diz-se que grande parte das ostras servidas na Cidade do Cabo vêm de Swakopmund. Verdade ou não, o facto é que a cidade é um paraíso para quem gosta do molusco paradisíaco. O Jetty 1905 Restaurant é uma das maiores referências, mas a oferta é vasta e inclui outros locais emblemáticos como o The Tug ou o The Fish Deli.

▶O QUE FAZER

Com carro alugado, tem um mundo por conhecer. Vá até Walvis Bay e suba os cerca de 400 metros de areia na Duna 7. A cidade vizinha de Swakopmund tem várias atracções, sendo uma delas a colónia de flamingos.

Texto: Eliana Silva

Foto: Shutterstock

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