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Texto: Magda Arvelos

Fotos: Yassmin Forte

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Xixel Langa – Pura coragem e inspiração

Se falarmos de Xisseve Janett Hortêncio Ernesto Langa Mahuaie, poucos vão saber de quem se trata, mas a menção ao nome Xixel Langa vai certamente acender uma luz e trazer consigo um rosto à memória!

Artista na essência, como a própria se descreve, é também filha de artistas, a mãe uma dançaria que, curiosamente, era igualmente executiva, e o pai, o incontornável nome da música moçambicana, Hortêncio Langa.

Na juventude, e após um tempo na Escola de Dança, Xixel colaborou com alguns grupos de dança e também com bandas de jovens artistas, como corista e dançarina. Timbila Muzimba, Kapa Dech, Félix Moya e Roberto Isaías foram algumas das bandas e figuras individuais que tiveram o prazer de contar com a sua colaboração. Xixel dava assim os primeiros passos na carreira, que contou com o empurrãozinho de alguém muito especial, conforme nos conta. “Como sempre estive na ala de canto e dança, comecei a trabalhar mais no canto, a pedido do meu irmão Texito Langa. A partir daí seguiram-se várias participações em shows e ganhei visibilidade.” E acrescenta “foi muita coragem”.

E a coragem valeu-lhe tanto, que foi premiada pela mesma. “Recebi os prémios Revelação e Melhor Voz, este por duas vezes, uma delas recentemente, e o maior prémio foi o de Melhor Canção.” Para Xixel, estas distinções deram ao seu trabalho valor, consolidaram-na como artista e tiveram um impacto bastante positivo na sua carreira.

Em 2017, quase 20 anos desde o início da carreira, a cantora lançou o primeiro álbum, intitulado “Inside me”. Segundo a própria, o álbum veio num momento ímpar da sua vida, em que finalmente decidira que rumo tomar, que queria, efectivamente, ser artista. E não uma artista qualquer, mas de Afro Jazz. Grávida na altura, confessa que estava muito sensível, muito “ligada a tudo”, e que a inspiração brotava de todos os lados. “Foi um momento bonito. Quando fui gravar em Cape Town, fui muito bem recebida, e confesso que também perceberam bem o meu conceito de Afro Jazz moçambicano.”

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Mas nem tudo foram rosas. O álbum demorou cerca de dois anos a ser gravado, resultado de diversos factores, entre os quais a distância e a sua disponibilidade. Felizmente, a nível financeiro, recebeu bastante apoio de “um indivíduo anónimo e do Departamento Cultural do Banco de Moçambique”.

Apesar deste intervalo de 20 anos entre o início da carreira e o lançamento do primeiro álbum, Xixel reconhece que o mesmo chegou no momento certo. Ela não queria apenas gravar e nunca mais apostar na área. Para si, dar vida a um álbum significava o princípio de uma carreira estável. E o tempo de espera compensou, como nos explicou de forma poética: “Inside me representa-me a mim e às minhas fontes de inspiração e é, portanto, uma demonstração de quem eu era até 2015.”

“Inside me representa-me a mim e às minhas fontes de inspiração e é, portanto, uma demonstração de quem eu era até 2015.” – Xixel Langa

Mas nem sempre a música foi a primeira opção. Apaixonada por História, Xixel revela que se não fosse cantora optaria pela Sociologia ou pela Antropologia. Ainda bem que não o fez, ou não traria na bagagem as memórias felizes de todos os locais onde a música a levou! E nós perderíamos a sua voz aveludada, tão empenhada em revelar toda a riqueza cultural de que o país dispõe, e que tanto a inspira.

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