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Texto: Magda arvelos

Foto: Arquivo do Atleta

Edição 76 Nov/Dez| Download.

Mini Cho – O guerreiro das ondas

O mar pode ser intimidante aos olhos de muitos, mas não o é para aqueles que, como “Mini”, se sentem como um artista com uma tela em branco diante de si. E é por este pensamento que o guia, que ele é o primeiro surfista profissional moçambicano. Falamos de Sung Min Cho ou “Mini”, como é localmente conhecido.

Nascido na cidade de Inhambane, há 23 anos, este moçambicano, que tem na sua ascendência raízes sul-coreanas, tem a honra de hastear a bandeira nacional nos circuitos internacionais do surf.

Oriundo de uma família humilde, “Mini” recorda a época em que passava as tardes na praia a admirar os turistas que surfavam nas ondas, sem qualquer presunção de um dia vir a fazê-lo. Sem ter como pagar pelas aulas ou adquirir o equipamento necessário, o surf era apenas um anseio.

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A trabalhar desde muito cedo para ajudar a sustentar a família, foi por volta dos 15 anos que a sua aventura pelo surf começou. “Em 2014, ganhei a minha primeira prancha, presente de um turista, e teve assim início a minha jornada no oceano. Foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado”.

E os anseios tornaram-se uma realidade repleta de viagens, competições e encontros felizes com aqueles que “Mini” apenas admirava ao longe. “Foi incrível conhecer os dois na água. Conheci o Kelly Slater na África do Sul em 2018, em Jeffreys Bay. O meu maior ídolo e inspiração é Jordy Smith, e tive muita sorte de compartilhar as ondas com ele no Tofo em muitas ocasiões. Somos bons amigos agora!”

E com bons amigos assim, dar o melhor de si é imperioso. Em especial num desporto intenso como o surf, que para ele também foi um escape da dura realidade. “O surf é um desporto único, exigente e de alta intensidade, mas, ao mesmo tempo, pode ser calmante e terapêutico. Para mim, pessoalmente, foi uma fuga da realidade. Sempre que eu entrava no oceano sentia-me em paz, sentia que as preocupações e problemas nunca me seguiam… Sentia-me livre.”

Mas, apesar da poesia das ondas, ter sucesso neste desporto requer algumas características, como motivação e coragem, força mental e, claro, patrocínios. “Praticar surf é caro, e nós precisamos de apoio para viajar e competir.”

Apaixonado pelo Tofo e desejoso de inspirar outros jovens, “Mini” está à frente do projecto Tofo Surf Club. Criado em 2018, o clube funde o treino de surf com mentoria, cuidado e lições de vida. “Foi projectado para inspirar, desenvolver e desviar as crianças dos problemas sociais que enfrentam.”

Este projecto é, também, a esperança de tornar o surf um desporto mais popular nas comunidades locais e criar uma nova geração de surfistas que irão competir por esse mundo afora.

Aliás, a sua ambição é bem clara! “Os meus planos para o futuro são continuar a representar Moçambique e hastear a bandeira bem alto, enquanto preparamos a próxima geração de crianças, com esperanças de criar uma Federação de Surf para ter uma equipa moçambicana nas Olimpíadas, já que o surf foi introduzido como desporto olímpico a partir de 2020.”

E nós por cá só podemos desejar que essa ambição encontre ondas favoráveis!

Presença em torneios do “World Qualifying Series”

2 participações no Ballito Pro, é a maior e mais longa competição de surf de África.

Vans Lambert Pro, na Cidade do Cabo, e Volkswagen Nelson Mandela bay Pro.

Outras competições

Participação no primeiro concurso internacional em Inglaterra, na praia Croyde. Tornou-se o primeiro moçambicano a vencer um concurso local no Reino Unido.

Edição 76 Nov/Dez| Download.

 

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