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Texto: Eliana Silva

Foto: Jay Garrido

Edição 66 Mar/Abr | Download.

Kubhula

Em busca de griots contemporâneos

“Na África ocidental existe o termo griot, indivíduo responsável por absorver e transmitir história, cultura e memórias. Nós procuramos os griots contemporâneos”.

Hugo Chichava, Márcio Luiz e Sabaka Muianga são os três fundadores do podcast mais cobiçado do momento, um espaço de conversa que procura captar os pensamentos, as experiências e os pontos de vista de pessoas que vivem em Moçambique. Afinal de contas, sobre o que se conversa no Kubhula?

Sabaka, Márcio e Hugo viviam afastados geograficamente e sentiram que precisavam de colmatar essa distância de alguma forma que acalmasse uma multiplicidade de temas que fervilhavam na cabeça de cada um. A melhor forma que encontraram para dar corpo a essa necessidade foi criar um podcast.

Decidiram materializar o seu gosto natural em conversar num espaço híbrido; aos anfitriões não cabe somente a tarefa de levantar as questões: às vezes perguntam, outras vezes respondem, o que importa é a relevância do diálogo. “Foi esta necessidade intrínseca de nos sentirmos conectados com as pessoas e histórias da nossa terra e acharmos que haveria mais gente a sentir o mesmo que foi e continua a ser a nossa motivação”.

O podcast mais cobiçado do momento procura captar os pensamentos, as experiências e os pontos de vista de pessoas que vivem em Moçambique.

Sem ser necessário explicar ao convidado, cada elemento intervém no momento certo. Procuram envolvimento emocional e só convidam para o microfone mágico quem lhes parece relevante. “Na África ocidental existe o termo “griot”. Griot é o indivíduo responsável por absorver e transmitir história, cultura e memórias ancestrais de geração para geração. Nós procuramos os “griots contemporâneos” e na nossa sociedade é incrivelmente simples de os encontrar. É esta gente de várias idades, sexo, raças e escalões sociais com a capacidade invulgar de inspirar, entreter e iluminar com as suas histórias que cumprem com o nosso critério de convite”.

Não precisam de o explicar, já que um ouvido (na falta de um olhar) mais atento e compreende-se o interesse genuíno naquilo que cada convidado tem a dizer. “Nós somos três fundadores e, apesar de partilharmos a mesma visão para o Kubhula, temos gostos e personalidades totalmente distintas e isso naturalmente reflecte-se nos nossos interesses, mas o que temos em comum é a vontade de aprender. Cada conversa é um momento de aprendizagem e quanto menos soubermos sobre o tópico da conversa mais interessados estamos e mais gozo temos em o explorar”, afirmam.

Querem que o Kubhula seja um espaço, sobretudo, de aprendizagem. Para eles e para quem os ouve. Acrescentam: “o nosso público-alvo é um nicho de mercado. Se quisermos ser tudo para todos, agradar gregos e troianos, corremos o risco de nos tornarmos genéricos e irrelevantes. O Kubhula vai chegar onde tiver que chegar e enquanto tiver que chegar. Enquanto fizer sentido e adicionar valor”. E que valor é que cada hora de entrevista acrescenta a cada ouvinte!

Edição 66 Mar/Abr | Download.

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