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Texto: João Matavele
Foto : Yassmin Forte

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9.ª edição da MMEC – De olhos postos no desenvolvimento

A descoberta de uma variedade de recursos minerais no país, nas últimas décadas, tem vindo a despertar o interesse de vários investidores. A exploração destes elevou e transformou Moçambique numa potência no que à indústria extractiva diz respeito. A 9.ª Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC), realizada recentemente em Maputo, apenas veio comprovar esta realidade.

Durante os dois dias, 26 e 27 de Abril, empresas ligadas ao ramo debateram sobre as oportunidades de investimentos que Moçambique oferece no sector da mineração e energia. Numa conferência realizada sob o lema “Utilizando os Recursos Naturais de Moçambique para o Desenvolvimento Económico Transformacional e Sustentável”, os investidores demonstraram o seu interesse de continuar a investir e abraçar as diferentes oportunidades, visto que o país se tem tornado cada vez mais apetecível para grandes investimentos do gás natural, sobretudo no âmbito da transição energética.

Além disso, o Pacote de Aceleração Económica (PAE), anunciado pelo Executivo moçambicano em Agosto passado, criou também facilidades para a aposta dos investidores no sector extractivo e energético.

Na abertura do evento, que juntou mais de 300 especialistas do sector extractivo, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que a indústria extractiva em Moçambique tem vindo a crescer, tendo contribuído, em 2022, em 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 1,8%, em 2011.

“Esta evolução foi influenciada pelo desenvolvimento de projectos de exploração de carvão mineral em Moatize, Tete; areias pesadas em Moma, Pebane e Chibuto, nas províncias de Nampula, Zambézia e Gaza, respectivamente”, afirmou Filipe Nyusi, acrescentando que, “reflecte, também, a exploração de rubis e grafite em Cabo Delgado e gás natural em Inhambane”.

Quanto ao regresso da petrolífera TotalEnergies na península de Afungi, em Cabo Delgado, o Chefe de Estado garantiu haver optimismo para que tal aconteça em breve, pois “há, no terreno, melhorias das condições de segurança”.  “Esperamos que a operadora TotalEnergies possa, brevemente, retomar as actividades de modo a aproveitar a janela de oportunidade de mercado”.

Do lado dos investidores, existe uma esperança que Moçambique se torne numa peça-chave para resolver a crise energética que afecta o mundo. Mas o desafio passa por haver segurança no país, sobretudo nas áreas de exploração.

“O futuro é muito promissor para os projectos de petróleo e gás de Moçambique”, começou por dizer o director-geral da Exxon Mobil, Arne Gibbs, para depois sublinhar que a dimensão e a qualidade dos recursos de gás do país, bem como a sua localização em relação aos mercados europeu e asiático, o tornam ainda mais competitivo.

Alinhado ao mesmo optimismo, o director-geral da Eni Rovuma Basin, operadora do projecto Coral Sul FNLG, Giorgio Vicini, disse haver uma oportunidade de replicar o projecto Coral Sul com o desenvolvimento de outra plataforma, visto que as reservas de gás de Moçambique podem dar um contributo significativo para a segurança energética no mercado europeu. Por isso, “temos de agir rapidamente, há reservas comprovadas, tecnologia comprovada, um histórico de entregas alcançado com o Coral Sul e o Governo moçambicano já demonstrou o seu compromisso em apoiar desenvolvimentos futuros”.

Entretanto, a falta de infra-estruturas, bem como a falta do acesso ao financiamento para os mega-projectos, estão entre vários problemas que, na óptica dos investidores, devem ser resolvidos a bem do desenvolvimento da indústria extractiva.

Segundo o gestor sénior de operações de produção da Sasol, Francisco Augusto, “Moçambique deve garantir a criação e expansão de mercados locais que possam ter um efeito multiplicador na economia e agregar valor ao gás natural”.

Contudo, os actores ligados ao sector de energia defenderam a necessidade de se formular políticas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas no sector energético.

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