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Textos: Elton Pila e Hermenegildo Langa

Fotos: Mauro Pinto e Ricardo Franco

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Especial Indústria

EDITORIAL

O motor da Economia

A AIMO e a Executive Mozambique têm o privilégio de apresentar a 4ª edição do “Especial Indústria”. Esta edição, tal como as anteriores, é um instrumento de divulgação e promoção da indústria nacional, no geral, e dos serviços dos associados da AIMO em particular.

A 4ª edição do “Especial Indústria” tem como principal foco as províncias de Zambézia e Nampula. As duas províncias são um grande motor de desenvolvimento social e económico do país, com um grande potencial industrial.

Em Nampula, o incontornável Porto de Nacala continua a ser o combustível vital para a economia na zona Norte. Mas a província de Nampula, que é a mais populosa do país, continua a ter na agricultura um importante ponto de dinamização de indústrias de processamento. A MoSagri, que se dedica ao plantio e processamento da moringa, acaba por ser o caso de sucesso chamado para esta edição.

Na província da Zambézia, outro pólo que escalamos nesta edição, o sector industrial é suportado por micro e pequenas empresas de diversos ramos de actividades ligadas ao agro-negócio. Nesta província, chá acaba sendo uma das bandeiras incontornáveis. Incontornável é, também, o Chá Magoma. Com 15 anos de operação, conta com uma produção de 13 400 toneladas de chá por época, facto que faz da chazeira uma referência mundial.

À semelhança das anteriores edições, não temos dúvidas de que esta “Especial Indústria” reforça o seu posicionamento como uma plataforma de expansão do Network de negócios e parcerias a nível nacional e internacional, numa altura em que o sector discute o Programa Nacional Industrializar Moçambique (PRONAIMO).

Por uma indústria dinâmica, moderna e competitiva

Osvaldo Faquir

Director Executivo da Aimo (Associação Industrial de Moçambique)

BREVES

▶ BAD e CTA potencializam agronegócio

São cerca de 74 milhões de meticais disponíveis para potencializar Pequenas e Médias Empresas (PME) do sector agrário, no âmbito do Projecto de Fortalecimento da Capacidade Produtiva das PME. A iniciativa é financiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a gestão está a cargo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). Espera-se que o fundo beneficie a, pelo menos, 300 Pequenas e Médias Empresas do sector agrário.

▶ Nacala Logistics regista subida de lucro

O Relatório Financeiro e de Produção da Nacala Logistics do primeiro trimestre de 2021 apresenta um aumento do lucro bruto na ordem dos 6%, nos negócios de transporte de carvão e de carga geral. O crescimento do lucro bruto ficou a dever-se a gastos operacionais abaixo do previsto. Para este período foram orçados 88 milhões de dólares, sendo que o cumprimento situou-se na ordem dos 83 milhões de dólares.

▶ Inaugurada nova fábrica de cimento

Foi inaugurada, na província de Maputo, uma nova fábrica de cimentos com capacidade de produzir dois milhões de toneladas por ano. A Moçambique Dugongo Cimentos vai também produzir cinco mil toneladas de clínquer por dia, principal matéria-prima para produção de cimento, o que vai reduzir a sua importação em cerca de 360 mil toneladas por ano, que correspondem a 54 milhões de dólares. Para a construção da fábrica, foram investidos 330 milhões de dólares, tendo empregado 350 pessoas.

▶ Mega-projectos rendem cerca de 8 mil milhões ao Estado

Os mega-projectos instalados em Moçambique contribuíram para o cofre do Estado em 7,8 mil milhões de meticais entre Janeiro e Março de 2021 contra 6 mil milhões de meticais registados no primeiro trimestre de 2020. O valor representa uma variação positiva de 29%. De acordo com os dados da Autoridade Tributária de Moçambique (AT), da contribuição fiscal total de mega-projectos canalizada ao Estado o destaque vai para o sector de exploração de petróleo que cresceu 10% em 2021.

Zambézia e Nampula

O norte central da Indústria

Zambézia e Nampula são as duas províncias mais populosas de Moçambique e marcam esta passagem da zona Centro para a zona Norte. As indústrias que florescem nestas províncias ganham dinâmica pela localização estratégica. As infra-estruturas portuárias e ferroviárias são a roda-giratória de uma economia marcada pelo agro-negócio, indústria extractiva e pelo turismo. É o norte central da Indústria moçambicana. Mas vamos por partes.

Na Zambézia, o sector industrial é suportado por micro e pequenas empresas dos diversos ramos de actividades ligadas ao agro-negócio. Segundo dados obtidos junto à direcção provincial da Indústria e Comércio, a rede industrial é composta por 3 028 unidades industriais, sendo 1 992 moageiras, 656 carpintarias, 90 serrações, 71 descascadeiras de arroz, 50 panificadoras, 49 serralharias, 30 salineiras, 33 latoarias, 5 prensas de óleo, 4 processadoras de gelado, 4 de processamento de chá, 4 de água mineral e 40 outras unidades industriais. Mas o destaque vai para indústria pesqueira (KRUSTAMOZ e AQUAPESCA), indústria alimentar (Alif Quimica Lda, Winnua, Chá Magoma, Murrimo Macadâmia, Vali-indústria, Mocuba honey Campany, Tia Ruquia, Reis Agricultura e Indústria), indústria de madeira (Pedra pedra, MAZA, Oliba) e indústria de plástico (INCALA e HL-sacos plásticos).

De acordo com a directora provincial da Indústria e Comércio da Zambézia, Vera Godinho, só no ano 2020, a produção industrial atingiu 4,9 mil milhões de meticais, de um plano de 4,5 mil milhões de meticai,s o que representa uma execução acima de 100% e um crescimento na ordem de 5% se comparado a igual período do ano 2019 em que foram atingidos 4,6 mil milhões de meticais.

E para este ano, embora a pandemia esteja a comprometer o ramo, o governo provincial da Zambézia continua optimista quanto ao alcance de resultados satisfatórios. A produção industrial atingiu, até ao primeiro trimestre do ano 2021, 332,58 milhões de meticais, de um plano de 326,35 de milhões de meticais, o que representa uma execução de 102% e um crescimento na ordem de 3% quando comparado a igual período do ano 2020 em que foram atingidos 323,39 milhões de meticais.

Já a província de Nampula, conhecida como a capital do Norte, joga um papel de fulcral importância para a economia moçambicana.  Já desde 2010, a província se mostrava o pólo de desenvolvimento que mais se devia ter em conta, muito fruto do histórico dos anos anteriores. Entre 2005-2009, Nampula captou perto de metade de todos os investimentos privados autorizados no país, a maior parte dos quais ficariam concentrados em dois mega-projectos: um na mineração (a refinaria Ayr-Petro Nacala em Nacala-Velha) e outro no sector da agricultura (Lurio Green Resources, uma plantação de eucaliptos em Mecuburi, Ribauee e Rapale).

O Porto de Nacala e as ferrovias entre Nacala e Malawi explicam muito deste dinamismo que tem nas agro-indústrias, mineração e turismo o caminho para a redução da pobreza na província, que também tem potencialidade de crescimento nas áreas da horticultura, biocombustíveis e pesca e de transformação de produtos agrícolas e de madeira.

Desde a criação da Zona Económica Especial de Nacala em 2009, segundo um estudo do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, o investimento nacional e estrangeiro nos sectores da agricultura, biocombustíveis, serviços e turismo na zona ultrapassariam, em apenas um ano, os USD 80 milhões. Esta zona, que abrange o distrito de Nacala-Velha e do Porto, cobre uma área aproximada de 1 300 km² a beneficiar de 3 milhões de habitantes.

Mas o turismo também joga um papel fulcral para a economia de Nampula, muito por conta de reformas políticas associadas a promoção do investimento na província. A Ilha de Moçambique aparece como porta-estandarte. De acordo com dados disponibilizados pela Direcção de Cultura e Turismo de Nampula, os investimentos aprovados no sector do turismo estão estimados em cerca de USD 38 milhões.

Antes da pandemia, a província recebia cerca de 50 mil turistas ano, a mostrar o turismo como importante impulsionador do desenvolvimento local, que produz rendimento aos vários intervenientes que prestam serviços directos e indirectos, desde os de restauração, passando pelos de hotelaria, até aos guias turísticos.

CASOS DE ESTUDO

Villa Sands: O turismo a potenciar o desenvolvimento

Foi a paixão pela Ilha de Moçambique, este fenómeno cultural e histórico no Oceano Índico, que potenciou o surgimento do Villa Sands. No princípio eram três armazéns e foram transformados no Hotel que tem vista para o mar e todo o património cultural às costas.

Aberto a pensar no potencial turístico da Ilha de Moçambique, esta estância hoteleira sempre quis fazer diferença no espaço em que opera. “Parte do lucro do turismo tem de beneficiar a comunidade”, indica Gisela Antman, moçambicana, gestora e co-proprietária desta estância hoteleira.

A visão foi sempre fazer da cultura um produto comercializável e colocá-la a contribuir para o desenvolvimento económico da Ilha. Prova maior foi o esforço feito para qualificar o pessoal do hotel, que é 100% moçambicano, visto que não havia pessoal qualificado disponível no Norte do país aquando da inauguração. Mas não se deixaram ficar por aí, acoplaram ao Hotel a primeira carpintaria da Ilha, localizada no limiar entre a cidade de Macúti e a de Pedra e Cal, que serve de incubadora de crianças artistas. É uma espécie de responsabilidade social com fins comerciais, 90% do valor angariado é revertido para os pequenos artistas.

Não há estrelas a encimar o logótipo do Villa Sands. Porquê? “Os hóspedes é que fazem as nossas estrelas”, clarifica Gisela.

MoSagri e promoção da moringa

A MoSagri, um agro-negócio virado ao processamento, distribuição e comercialização da moringa, existe desde 2015. Começou com três hectares, em Lumbo, Ilha de Moçambique. Foi o primeiro teste e deu certo. A expansão da produção foi em Naguema, Mossuril, uma área de 1000 hectares, que, por agora, é explorada apenas a metade.

A produção é 100 % orgânica, envolvendo a comunidade através da Fundação Pérola, criada para emancipar o consumo da moringa. “Incentivamos a comunidade a produzir. Queremos que as pessoas plantem e depois nos vendam”, indica Nelvi Quefasse, gestor financeiro e administrativo da MoSagri. Com certificação internacional, enquanto conquista o mercado nacional, o negócio já tem inúmeros adeptos no estrangeiro. Até Maio de 2021, já haviam sido exportadas 20 mil toneladas. A Holanda é o ponto de entrada do mercado europeu.

São cerca de 80 os trabalhadores efectivos. Mas existem sempre os sazonais, que são uma média de 200 mensalmente, chamados para a sacha, podagem e aplicação de BT, um composto feito de alho e tomate, que ao mesmo tempo que serve de adubo também previne contra nurda. Desde o chá, produzido através de folhas secas; passando pelo óleo, originado nas sementes até ao pó, que é proveniente da folha ou da raiz seca da moringa, são vários os produtos da MoSagri que promovem o super-alimento que serve, entre outros benefícios, de suporte imunológico.

Magoma, um chá de sabor universal

Falar da indústria chazeira em Moçambique é mesmo que falar da província da Zambézia, visto que é neste ponto onde encontramos a maior parte das fábricas que se dedica ao cultivo e processamento do chá que confere a Moçambique um posicionamento sólido a nível internacional.

Segundo dados obtidos na direcção provincial da Indústria e Comércio da Zambézia, o Chá Magoma, com 15 anos de operação, já conta com uma produção de 13 400 toneladas de chá por época, facto que faz da chazeira uma referência mundial, principalmente nos mercados da Alemanha, China, Rússia, Dubai e India.

Localizado no distrito do Gurué, a qualidade de Chá Magoma é reflexo dos seus altos padrões de produção cujo cultivo abstém-se de aditivos químicos e fertilizantes. A empresa emprega até agora um total de 50 funcionários todos contratados dentro do distrito do Gurué.

Além da produção do chá, a chazeira Magoma dedica-se igualmente a produção do café.

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