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Wixutta, conhecimento em língua emakwa, é um centro de conhecimento no bairro de Santo António, na Ilha de Moçambique.


Texto: Paola Rolletta

Fotos: Moira Forjaz

Edição 65 Jan/Fev | Download

Wixutta – A prática da curiosidade

Wixutta, conhecimento em língua emakwa, é um centro de conhecimento no bairro de Santo António, na Ilha de Moçambique. É uma ideia que desabrochou do coração, e da cabeça, de Moira Forjaz durante os dois anos que esteve a trabalhar no seu livro de fotografia Ilhéus, dedicado aos idosos daquela que foi a primeira capital do país. “Sempre tive o fascínio pela Ilha desde a minha primeira viagem em 1976. Mas este projecto levou-me ao coração onde vivem as pessoas, percebi melhor e decidi que queria dar uma mão e ajudar a fazer a diferença. Existem escolas, mas não existe um espaço onde as pessoas de todas as idades se possam encontrar, tomar o seu lugar legítimo no mundo, através da experiência e da compreensão.”

Wakani wakani (pouco a pouco) nasceu a empresa social Wixutta. E quando nasce um centro como o Wixutta é algo bonito. Porque nasce da emoção, do desejo de fazer, de se confrontar, de praticar a curiosidade, de difundir conhecimento e sabedorias. Sem esquecer a agricultura orgânica. Wixutta tem também uma machamba como “sala” de aulas. Como se faz um canteiro? Como se planta uma árvore? Como se semeia? Crianças, e adultos, são bem vindos. Com distanciamento físico por causa da COVID-19, a capacidade é de 25 por turno, assim como para assistir aos filmes e às peças de teatro, falando da actualidade, do ambiente, do aquecimento global, de direitos e deveres, de cidadania.

Quando nasce um centro como o Wixutta é algo bonito. Porque nasce da emoção, do desejo de fazer, de difundir conhecimento e sabedorias.

Todas as actividades são gratuitas: a cultura é de todos e para todos. Sem preconceitos, para ajudar a reflectir, com a justa leveza.

Um centro que nasce da humildade: há escolas na Ilha de Moçambique e Wixutta não entra em competição com ninguém. É um local para desfrutar o prazer de estar juntos, de escutar quem tem competência para falar e explicar, e reflectir em grupo. É aprender e ensinar. É comover-se perante um filme, uma peça de teatro, escutar contos de algo que parecia impossível, encontrar e partilhar soluções. E aprender através da música. Com parceiros de boa vontade, Wixutta irá levar pessoas especiais para a Ilha, músicos, actores, técnicos… “Acreditamos na transmissão de ideias e pensamentos, através da aprendizagem criativa para adultos e crianças. O nosso objectivo é estimular o seu desejo de aprendizagem.”

Uma das primeiras actividades do Wixutta – depois de uma sessão de limpeza da praia -, foi (em Novembro) a formação em higiene menstrual para 300 raparigas que receberam colectores menstruais para seu próprio uso, para melhorar a sua vida quotidiana e o seu futuro, porque nenhuma rapariga deve perder um dia de aulas devido à falta de produtos de higiene menstrual. O projecto foi desenvolvido em sinergia com a organização Cup&Go.

Wixutta é um espaço aberto, da comunidade para a comunidade; trabalhando com voluntários e parceiros, nasce da alegria, porque difundir cultura é parte da vida. Os Ilhéus de hoje não querem estar reféns do exotismo e da ideologia. O conhecimento não pode estar à sombra de bandeiras políticas, porque  quebra qualquer barreira social. É por isso que todas as actividades são gratuitas: a cultura é de todos e para todos. Sem preconceitos, para ajudar a reflectir, com a justa leveza: o Wixutta é um processo aberto, é um caminho onde praticar a curiosidade, na Ilha de Moçambique.

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