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Texto: Pretilério Matsinhe

Foto: Dilayla Romeo

Edição 69 Set/Out | Download.

Íria Marina, Designer de Moda

“Sou feminista. Mas não sou extremista”

Íria Marina é o tipo de jovens que transborda alegria e está constantemente a idealizar alguma coisa. Natural de Maputo, já mergulhou em várias disciplinas artísticas. Era apaixonada pela música, mas acabou não seguindo por conta da sinusite. Tem poemas na gaveta, fez curso de produção de documentários e deseja lançar filmes  e organizar festivais de cinema. Já produziu produtos naturais para cabelo. Fez licenciatura em Arquitectura, na África do Sul. No meio do percurso, descobriu-se na fotografia e vai usando da sua lente para captar o que lhe vai à alma.

Com a eclosão da pandemia do novo coronavírus, Íria costurou máscaras para a distribuição de forma gratuita

Em 2019, fundou a empresa Íria Marina Design, com sede no bairro Sommershield, Maputo e que já conta com cinco trabalhadores.

Marina cresceu com o dom de (re)inventar vestimentas, recicla roupas com capulana. Compra-as usadas para depois, com a sua mão na máquina de costura, adicionar a capulana como condimento e transformar a peça em algo extraordinário. É como quem põe a dose certa de sal na comida. E o faz tão bem que já participou do concurso Green is the New Black- uma competição em prol da moda sustentável. Ficou em terceiro lugar. “Ensinar é bom, mas anima mais aprender. Sou uma mulher de desafios”.

A Íria Marina Designer tem pernas para andar. Já conquistou o mercado internacional, mas há dificuldades. “Pagar mais 110 por cento do valor do produto para exportá-lo. É terrível, ridículo e embaraçoso. Afugenta clientes e ficamos a chorar porque empreender é difícil no nosso país”.

Com a pandemia da Covid-19, veio a crise. Usou os lucros guardados para pagar os trabalhadores. O fundo se esgotou e recorreu à sua conta pessoal. Chegou a uma fase de insustentabilidade e teve de se decidir: ou fechava ou fechava. Mas encontrou uma alternativa. “Eu disse ao meu staff que as coisas não estavam a dar. Decidimos continuar, mas cada um recebe em função do seu trabalho. No fundo, até ganha-se mais que aquele salário mensal. Mas o difícil é quando os clientes desaparecem”.

Humanista e sentimental, não foge à responsabilidade social. Com a eclosão da pandemia do novo coronavírus, Íria costurou máscaras para a distribuição de forma gratuita. “Sou feminista, sim. Mas não sou extremista. Luto pela igualdade, pela conquista dos direitos da mulher…”

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