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Texto Text: Maria De Lurdes

Foto Photo: Mauro Pinto

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Luís Vinho Skate Park – NA RAMPA PARA O FUTURO

Quando, em 2007, Francisco Vinho pensou em criar o primeiro Skate Park num bairro em expansão poucos deram fé. Mas destemido e com fundos próprios, o homem de 41 anos de idade veio, anos depois, a dar vida ao seu sonho, iniciando a materialização do espaço Luís Vinho Skate Park, em seu próprio quintal, localizado em Khongolote, Matola, província de Maputo.

A construção do Skate Park terminou em 2019, com o apoio de organizações internacionais como Skate World Better e Wonder Around The World. Desde então, nunca mais fechou portas para as crianças adolescentes e do bairro Khongolote, que Vinho quer ver empoderadas.

“Este Skate Park está a servir como um instrumento de inclusão, empoderamento; um estilo de vida, na verdade. Este universo, aliás, tem valores ocultos para os outros, mas conhecidos por nós praticantes. Um dos mais bonitos, por exemplo, é o da persistência que se aprende sempre que nos caímos e levantamos”, explica ele, que acredita que, além de permitir amizades, a modalidade quebra barreiras sociais.

Mas nem sempre Francisco Vinho pensou o skate com uma componente social. Conforme conta, tudo deu-se depois que saiu da cidade de Maputo, onde nasceu e residiu por anos, para o bairro Khongolote. Lá viu que poderia usar a modalidade desportiva como uma forma de empoderamento e de luta contra a descriminação social. “A auto-estima destas crianças e adolescentes aumentou bastante desde que o projecto iniciou. Sentimos realmente que estamos a transformar suas vidas e as nossas, uma vez que é uma enorme satisfação poder contribuir para o bem-estar do outro”.

Este ano o projecto teve adesão de várias raparigas a desmistificar a ideia do skate como actividade de rapazes.

O ingresso ao projecto de crianças e adolescentes, entre os seis e dezassete anos, só é permitido se estas estiverem a frequentar uma escola e quando inscritas pelos seus encarregados de educação que, no acto de inscrição, pagam apenas cinco meticais para a aquisição da ficha. “Há quem ache que os meninos podiam fazer a inscrição sozinhos, tendo em conta que não há valores a serem pagos, mas é preciso esclarecer que fazemos a questão que sejam os pais para garantir maior aproximação entre estes e os seus educandos”.

As actividades começam pelas 9:00 horas e terminam por volta das 6 horas da noite. Vinho conta que os horários diversos visam permitir que os diferentes alunos possam também cumprir, sem sobressaltos, as actividades curriculares.

Este ano o projecto teve adesão de várias raparigas. A ideia anima o mentor. Apesar de esperar que o número de meninas aumente, sente que, para já, há alguma mudança de pensamento e o skate já começa a ser visto como não sendo apenas para rapazes. “Mais do que estar aqui, estão também a se fazer sentir, têm tido destaque e conseguem estar na pista e se posicionam como os rapazes”, orgulha-se.

A maior parte do equipamento existente no Luís Vinho Skate Park advém de fundos do seu mentor e de apoio que este tem buscado em diferentes organizações de skate a nível internacional. Mas é preciso mais.

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