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Textos: Hermenegildo Langa, Elton Pila (Em Namaacha)  e Cristiana Pereira (Em Marracuene).

Fotos: Amilton Neves, Mauro Pinto e cedidas pelo Parque Industrial De Beluluane.

Especial Indústria | Download

EDITORIAL

O PRINCIPAL PÓLO INDUSTRIAL DO PAÍS

A Associação Industrial de Moçambique (AIMO) e a Executive Moçambique trazem ao público, fruto da sua parceria, a 2ª edição do Especial Indústria, um instrumento de divulgação e promoção da indústria nacional, no geral, e dos serviços dos associados da AIMO, em particular.

Esta edição abrange a província de Maputo com o intuito de destacar o seu posicionamento estratégico como principal pólo industrial do país, esperando que as suas experiências e resiliências sirvam para catalisar outras geografias do país.

Como forma de mostrar algumas potencialidades que a província oferece ao sector industrial, no que diz respeito à indústria alimentar, esta edição destaca a Companhia Industrial da Matola, que é uma histórica empresa do ramo alimentar em Moçambique, e a MEREC, que é hoje uma referência nacional na área de produção de farinha de milho e trigo, massas alimentícias, bolachas, farelos e derivados para a alimentação animal.

A edição versa ainda sobre o sector da indústria transformadora com destaque para o Parque Industrial de Beluluane e da Mozal que concentram a maior parte das indústrias do país, constituindo as duas entidades, por isso, uma grande fonte de receitas nacionais. Também o sector de agro-indústria merece destaque nesta edição, em particular os distritos de Namaacha e Boane.

Importa referir que, no âmbito da parceria estabelecida entre a AIMO e a Executive Moçambique, o suplemento Especial Indústria virá a público ao longo de seis edições. No final, será lançada uma publicação condensando todo o material recolhido, num evento em formato de conferência económica e industrial. Por uma indústria dinâmica, moderna e competitiva.

Osvaldo Faquir

Director Executivo Da Aimo (Associação Industrial de Moçambique)

 

Maputo Província

DO ALUMÍNIO À AGRO-INDÚSTRIA

INDÚSTRIA – 550 milhões de USD – Valor do investimento representado pela indústria transformadora.

INVESTIMENTO – 2,5 mil milhões de USD – Volume global de investimentos registado nos últimos 2 anos a província de Maputo.

Ao falar de pólos industriais no país, nenhuma província depende tanto da indústria como Maputo. Considerada capital industrial do país (a cidade da Matola e a província de Maputo no geral), 80% das suas receitas fiscais provém do sector industrial, com destaque para o sector alimentar e de bebidas, como a Companhia Industrial da Matola (CIM), a MEREC e a Cervejas de Moçambique. A sua localização geográfica é um factor propício, já que a Matola é um ponto de entrada para os investimentos, sendo atravessada pelo corredor de transporte que liga Moçambique à África  do Sul. É lá onde se localizam  a maior e única até agora fábrica e alumínio (MOZAL) e o parque industrial de Beluluane, um nicho que concentra diversas indústrias. Veja-se que, mesmo com o surgimento de novos pólos industriais no Centro e Norte do país, como resultado de mega projectos do sector extractivo, a Matola continua  a liderar  a tabela.

Em 2019, o sector industrial registou nesta província uma ligeira recuperação para um crescimento em 3,5%, e esperava-se que no ano passado conseguisse maior recuperação, já que não se esperava uma queda do preço do alumínio, fenómeno que em 2018 prejudicou em parte o mercado, com reflexo na redução da produção global da província. Porém, com a pandemia da COVID-19, essa projecção poderá não se concretizar.

O Governo provincial de Maputo considera que, apesar de em 2017 o sector ter registado alguma queda de produção, de 2018 até cá a indústria alimentar tem mostrado sinais de recuperação, esperando-se progresso apesar da crise provocada pela pandemia, pois a aspiração é tornar o Parque Industrial de Beluluane cada vez mais atractivo para os investidores.

A província concentra, no entanto, diferentes tipos de indústrias, desde a alimentar até à transformadora. O agro-negócio também tem despontado interesse de vários investidores devido às condições climáticas que jogam a seu favor.

A produção de banana, legumes e agora com aposta nas culturas de rendimento (macadâmia, líchia e morangos) são alguns exemplos, o que levou ao volume de investimentos de 2,5 mil milhões nos últimos dois anos em toda a província.

O distrito de Namaacha, por sua vez, tem estado a relevar-se como um pólo económico exemplar na província, a crescer em duas direcções: indústria extractiva, na qual encontramos fábricas de produção de água mineral (em número total de 4) e pedreiras (num total de 13); mas também em agricultura caracterizada pela produção e exportação de banana (são 11 empresas). Dados fornecidos pela Direcção Distrital de Actividades Económicas dão conta que a indústria extractiva representa 61,17% da produção global e a agricultura 33,5%, sendo que 95% da mão-de-obra empregada é local.

CASOS DE ESTUDO

PARQUE INDUSTRIAL DE BELULUANE NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO

A indústria transformadora, de cimento e de serviços são os cartões de visita do Parque Industrial de Beluluane, um nicho cujo crescimento foi interrompido pela crise económica em 2015. Com capacidade para acomodar mais de 500 empresas, o parque ficou quatro anos desprovido  de investimentos. Depois desse período de retracção, Beluluane volta a entrar na rota do desenvolvimento e de investimentos. De acordo com o director- geral do Parque, Onório Manuel, o Plano Director prevê que sejam investidos cerca de 100 milhões de dólares por um período de 10 anos (2020-2030). “Estamos a investir em infra-estruturas básicas internamente, como é o caso de energia, estradas, tecnologias de informação e comunicação, entre outros”, garante o gestor. “Até à data, o Parque explorou cerca de 40% da sua capacidade de instalação de empresas”, acrescenta Manuel, ressalvando ter já iniciado a Fase II de exploração da restante área de 400 hectares. Segundo o responsável, o investimento global das empresas ali sediadas, desde a criação do Parque, no ano 2000, até à data, ronda os três mil milhões de dólares.

RECEITAS FISCAIS80%-Percentagem das receitas fiscais na província de Maputo proveniente do sector industrial.

CASOS DE ESTUDO

ÁGUA DA NAMAACHA COMPROMISSO COM A QUALIDADE

Uma fábrica situada na Serra de Namaacha a ocupar para lá de 500 hectares, onde foram montadas as 18 captações que levam aos tanques a água mineral natural que é líder no mercado, sobretudo na zona Sul. “Uma quota de 70%”, diz-nos Miguel Padrão, o director de Marketing.  A produção é feita toda ela através de alta tecnologia, é manual apenas na parte final, que é a colocação das garrafas nas caixas. É uma produção vertiginosa, que se vai aguentando mesmo com os prejuízos impostos pela pandemia.

Nestes tempos que a pandemia trocou as voltas ao mundo, “a Água da Namaacha, através da aposta em níveis elevadíssimos de qualidade, aumentou ainda mais a sua liderança de mercado”, indica Padrão. Fundada em 1952, hoje com cerca de 400 trabalhadores, na grande maioria moçambicanos, a Água da Namaacha foi pioneira da captação de água em Namaacha e em Moçambique. Detentora de prémios de qualidade conquistados nos continentes Africano, Europeu e Americano, há cerca de dois anos, a Água de Namaacha começou também a explorar o mercado sul-africano, com principal enfoque para as cidades de Joanesburgo e Pretória.

A Sociedade de Águas de Moçambique, que é proprietária da Água da Namaacha, também produz e engarrafa a marca de água mineral Fonte Fresca, esta com origem em Marracuene.

CASOS DE ESTUDO

MAXAMBA PERI PERI – UMA RECEITA PARA O SUCESSO

Robbie Brozen e Fernando Duarte eram colegas numa empresa de telecomunicações quando, em 1987, foram a um pequeno restaurante chamado “Chickenland”, em Joanesburgo, comer um frango à piri piri. De origem portuguesa, Fernando vivera muitos anos em Moçambique e queria que o amigo experimentasse aquele frango.

Foi assim que os dois sócios compraram o Chickenland, dando origem à cadeia Nando’s, que hoje conta com mais de 1.300 restaurantes no mundo inteiro, incluindo Austrália, Malásia, Reino Unido ou Estados Unidos, entre outros. Quem nos conta a história é James Dunkin, gerente da quinta onde é cultivada uma boa parte do piri piri que garante a produção da ampla gama de molhos que leva o nome de “Nando’s PERi PERi sauce”. Chamada de “MaXamba PERi PERi”, ocupa uma área de cerca de 10 hectares no distrito de Marracuene, a pouco mais de 30 quilómetros de Maputo. “É mais uma academia do que um agro-negócio”, explica James, enquanto nos mostra as várias secções da quinta, começando pelo armazém. “Ali estão 12 toneladas de piri piri seco. Vai ser a maior entrega de sempre para a África do Sul”, afirma com orgulho. Este ano serão formadas 33 pessoas num currículo adaptado da Dicla, um centro de formação agrícola da região de Gauteng, na África do Sul. Ao todo, a MaXamba emprega quase 100 pessoas, na sua maioria mulheres de comunidades locais que viviam em situação de vulnerabilidade.

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