Armando Miguel Bango – “O céu não é o limite, é apenas o começo”

Em 1991, Armando Miguel Bango, estudante de Relações Internacionais, nem imaginava que um simples trabalho académico sobre aviação o conduziria a uma carreira de 34 anos nas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). O tema do seu trabalho era “Cooperação na Aviação Civil Internacional, no âmbito da SADCC”, e Moçambique, como coordenador da SATCC, estava no centro desse estudo. Para compreender melhor o campo, decidiu estagiar no Gabinete Jurídico da LAM. “Foi aí que a aviação entrou na minha vida, sem que eu soubesse”, recorda.

Logo no início, Bango teve a oportunidade de acompanhar a aquisição dos Boeing 737-300 e 767-200ER, um marco para a empresa. E foi, em 1993, que a sua trajetória na LAM sofreu uma reviravolta. O Eng.° Carlos Morgado, então director comercial da empresa, convidou-o a integrar a sua equipa. “Aos 24 anos, aceitei o convite e encontrei-me num mundo completamente novo. Fui responsável por áreas como tarifas, regulamentação e vendas de passageiros. E assim apaixonei-me pela aviação”, conta Bango.

O grande desafio chegou no início dos anos 2000, quando a LAM passava por uma reestruturação estratégica. A empresa procurava reposicionar-se no mercado global, criando parcerias com gigantes da aviação como a TAP e a SAA. Bango foi parte crucial desse movimento, que incluiu até a operação de um Boeing 747-SP nas rotas Joanesburgo-Moçambique-Lisboa. “Era um período de grandes mudanças. O foco era relançar a LAM no cenário internacional e tínhamos de ser rápidos e eficientes”, afirma.

Hoje, após mais de três décadas de trabalho, Bango ocupa o cargo de Gestor Comercial de Carga. A sua principal responsabilidade é garantir soluções logísticas para o transporte de mercadorias, lidando com um mercado global e complexo. “É como ser um estilista. Cada carga tem uma necessidade única, nossa missão é criar soluções sob medida para cada cliente”, explica.

Mas a sua motivação vai além das operações comerciais. Para Bango, a LAM é um pilar essencial para a economia de Moçambique. “Todos os dias, transportamos muito mais do que passageiros. Levamos vacinas, medicamentos, material eleitoral, mercadorias essenciais. A LAM é vital para o desenvolvimento do país, mesmo quando os resultados financeiros não são os melhores”, diz com convicção.

O futuro de Bango está ligado ao sonho de criar a LAMCARGO, uma divisão exclusiva para o transporte de carga aérea. “A LAMCARGO é uma oportunidade de ampliar a presença da LAM no mercado global e fortalecer a nossa marca. Quero garantir que a LAM seja reconhecida como referência no transporte logístico”, partilha.

Ao longo da sua carreira, Bango aprendeu que o verdadeiro sucesso não se mede apenas por números. “O que mais me satisfaz é saber que, com o meu trabalho, ajudei a viabilizar sonhos e necessidades. Cada carga transportada é uma pequena vitória, não só para a LAM, mas para todos os que dependem de nós”, reflecte. Para ele, “o céu não é o limite, é apenas o começo”.

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