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Texto: Elton Pila

Fotos: Yassmin Forte

Edição 71 Jan/Fev | Download.

Shamwari – Cozinha de autor

De ouvido o nome demora a ser fixado. Trocamos as letras neste processo inconsciente de tentar tornar a pronúncia em algo que nos seja mais verossímil. Precisamos chegar para o absorver: Shamwari. Localizado no número 171 da Rua Mateus Sansão Mutemba, segue na sua segunda vida e, como acontece também às pessoas, a segunda vida dos espaços é vivida com maior intensidade. Talvez o exemplo maior, se quisermos personificar, encontremos em Gilda Langa, a chefe de cozinha que prepararia a Esparguete de Polvo que provaríamos. Bem faladora e com um porte físico a lembrar uma lutadora de boxe, mas com a delicadeza que diz muito dos pratos que faz, é a alma mater do Shamwari. Fala com a confiança de quem sabe o que faz, dos ingredientes e da quantidade, a mania do pormenor tão necessária na cozinha de autor, sem medo que lhe roubemos a receita. “O segredo está na sensibilidade do cozinheiro”, diz-nos. Quando o prato nos chega à mesa, o sabor maior vai dando lugar ao menor, como se fosse uma espécie de matrioskas, sentimos a esparguete, a nata e o parmesão, os mexilhões e o polvo, o toque do vinho branco, o alho… E terminamos, com o garfo e a faca sobre o prato na posição horizontal, a fazer nascer um novo mito: o polvo só se deixa (bem) cozinhar por mulheres.

Gilda Langa é a alma mater do Shamwari

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