Homenagem – Um voo sobre a vida de Francisco Cossa
O som de um avião a criar caminho entre as nuvens traz um bem-estar a Francisco Cossa. Sem argumentos esboça um sorriso, de olhos abertos folheia as memórias do longínquo ano de 1985. Com o ciclo básico terminado, o estudante de 19 anos experimentou noites de insónia, enquanto esperava a afectação, que só foi materializada no ano seguinte.
O dia 31 de Janeiro de 1986 foi longo; na madrugada de 1 de Fevereiro, a roupa foi preparada mais de uma vez. Após o banho frio e alguns minutos de preparação, o novo trabalhador das Linhas Aéreas de Moçambique apresentou-se ao local de trabalho, aceitou os desafios, formou-se, moldou a sua carreira e, 35 anos depois, no exacto dia 1 de Fevereiro, despediu-se da LAM, com a frase feita “cumpri a minha missão” na ponta da língua.
“Tive um percurso gratificante; aprendi tudo o que sei na Companhia de Bandeira”, afirma Francisco, que iniciou a sua carreira no departamento de Recursos Humanos. Com apenas um ano na empresa, recebeu uma bolsa de estudos e frequentou o curso Técnico-Profissional de Economia do Trabalho no Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo. Escola e trabalho foram a vida de Francisco durante três longos anos. Enquanto ainda se familiarizava com a casa, aceitou o desafio de passar por vários sectores da LAM, como a direcção técnica. “Ainda estava nos Recursos Humanos, era um dos responsáveis por organizar questões burocráticas cursos de formação’’, disse.
No ano de 1995, ingressou na Universidade Eduardo Mondlane para realizar um sonho de infância, que era o de ser licenciado em Economia. Uma rotina esgotante o envolveu, mas Francisco deu tudo de si, priorizando de forma natural a LAM. O curso, que poderia ter sido concluído em quatro anos, foi terminado em mais do dobro do tempo. “Enquanto estudava, saí dos Recursos Humanos e passei pelo departamento de Operações. Quando terminei o bacharelato, fui para Aprovisionamento, concretamente nos Serviços Gerais e Contabilidade”, conta.
Contudo, Francisco desejava exercer a profissão para a qual se havia formado e estava consciente de que, apesar de lidar com números, Contabilidade não é Economia. Em 2004, conseguiu ser afectado ao sector de Planificação. Como peixe na água, desempenhou o trabalho com zelo e dedicação, chegando a ocupar posições intermédias de chefia.
Já aposentado, Francisco olha para o seu percurso com satisfação e agradece a todos os que contribuíram para o seu crescimento profissional. Com três filhos e netos, além de um negócio de família bem-sucedido, o antigo trabalhador da LAM ainda sente vontade de partilhar os seus conhecimentos no sector da aviação. Porque acredita na magia dos números, quem sabe se no próximo dia 1 de Fevereiro uma nova história não começará?
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