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Texto: Paola Rolletta

Foto: Amilton Neves

Edição 79 Maio/Junho| Download.

TERRA – O novo capítulo do Museu de História Natural de Maputo

Lançamos o convite para visitar o Museu de História Natural de Maputo porque, em breve, este ícone da capital moçambicana fechará as portas para obras de reabilitação.

O Museu terá uma nova cara! Mas não se assustem: o edifício manterá a sua fachada neo-manuelina, datada de 1911, mas por dentro ficará mais seguro e sobretudo mais moderno e funcional.

As colecções do Museu de História Natural de Maputo representam uma visão da biodiversidade passada e presente do país, incluindo espécies extintas e em perigo de extinção, como o belo exemplar de celacanto encontrado em 1991 nas águas misteriosas do Canal de Moçambique, que se acreditava ter sido extinto durante 400 milhões de anos, sendo por isso considerado um fóssil vivo.

Entre as suas colecções, a zoológica é de indubitável valor, com um grande número de animais taxidermizados expostos em dioramas, incluindo mamíferos, aves e répteis, bem como uma grande variedade de espécies de invertebrados moçambicanos, representados por corais, bivalves e insectos.

Os animais taxidermizados precisam de ser restaurados; alguns ambientes naturais em que vivem precisam de ser enriquecidos com reconstruções mais reais e percursos expositivos científicos e mais inclusivos com um objectivo bem claro: sensibilizar o público para a importância da biodiversidade e da sua protecção, chamando a atenção para o risco de extinção de espécies em meio selvagem e para as principais ameaças à sua sobrevivência.

Um Museu serve também para isso: mostrar o efeito poderoso de uma beleza sedutora e trágica para nos sensibilizar para os efeitos das mudanças climáticas.

Antes de fechar as portas (data prevista Julho 2023), o Museu de História Natural de Maputo convidou-nos para uma exposição fotográfica, “Africa Blues. Moçambique em 2100: projecções da crise climática nos rostos daqueles que a vivem todos os dias”, no âmbito da campanha #ClimateOfChange, parte do projecto da ONG WeWorld, financiada pela União Europeia no quadro do programa DEAR.  A mostra fotográfica, inaugurada no final do mês de Abril, estará patente no Museu durante todo o mês de Maio e depois será itinerante, chegando em várias cidades do país.

São fotografias de grande impacto, tiradas por Giulia Piermartiri e Edoardo Delille, de cenas presentes e futuras da vida quotidiana em Moçambique, criadas utilizando uma técnica inovadora, capaz de imergir o visitante num futuro possível. Num jogo distópico, feito de sobreposições, é possível observar cenas da vida quotidiana misturadas com diapositivos mostrando esses mesmos lugares drasticamente alterados pela crise climática. Um Museu serve também para isso: mostrar o efeito poderoso de uma beleza sedutora e trágica para nos sensibilizar para os efeitos das mudanças climáticas.

A mostra teve a sua estreia em Março, em Roma, no Jardim Botânico da Universidade “La Sapienza” que é parceira do projecto de reabilitação do Museu – e também da Estação Biológica Marinha da Inhaca – e da criação do primeiro Centro de Conservação da Biodiversidade de Moçambique, que será o núcleo de formação e disseminação de conhecimentos para o público nacional e internacional, beneficiando directamente os profissionais locais em conservação e biodiversidade.

O Museu de História Natural de Maputo tem uma colaboração histórica com a Cooperação italiana que levou à instalação de dois laboratórios de caracterização genética e à preparação de novas colecções (e ao restauro das antigas) e à reabilitação do laboratório de taxidermia, acções realizadas em parceria com outras instituições universitárias internacionais.

O Museu de História Natural tem também o gabinete de controlo da Biodiversity Network of Mozambique (BioNoMo), a primeira base de dados nacional sobre Biodiversidade representando uma importante ferramenta de agregação de dados e fonte de informação para qualquer iniciativa destinada a apoiar a investigação científica e a elaboração de políticas no domínio da conservação da biodiversidade e da gestão de ecossistemas no país, bem como um modelo a ser eventualmente replicado noutros países africanos.

Sob os nossos olhos curiosos, após muitos anos, o Museu de História Natural de Maputo está prestes a escrever um novo capítulo na sua história.

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