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Texto: Hélio Nguane

Foto: Agojie Licula

Edição 85 NOV/DEZ| Download.

Que tal um tremoço para início de conversa?

TREMOÇO É RICO EM PROTEÍNAS, FIBRAS E MINERAIS, AJUDANDO NA DIGESTÃO, CONTROLANDO O COLESTEROL E FORNECENDO ENERGIA.

Há quanto tempo não seguro uma caneta, penso enquanto acaricio com os dedos um tremoço. Este gesto tradicional, quase ritualístico, recorda-me as crónicas que poderia ter escrito, entre quatro linhas, sem a camisola 10, sem o hexa, num sol típico de Maputo, que bem poderia ser da Arábia Saudita.

 

Ainda penso em escrever. Lambo o polegar e o indicador, o sal, a pimenta que poderiam dar sabor a um bom texto. Pego outro tremoço, aperto-o para que ele se solte da casca e depois vivo a experiência — é quase como uma dança entre o corpo e o alimento. Tão simples.

Na pressa de comer mais, um tremoço cai. Penso em apanhá-lo, mas deixo-o lá, pois ele volta para a terra onde nasceu; é forjado na troca constante de água, no calor, no sal, no toque exacto da pimenta, na paciência da espera — porque a impaciência pode envenenar quem o saboreia antes do tempo. Agora, no pote, ninguém imagina o seu processo minucioso de maturação. Este snack saudável é rico em proteínas, fibras e minerais, ajudando na digestão, controlando o colesterol e fornecendo energia. Solitário ou entre amigos, o sabor do tremoço é tão agradável que anima a conversa, desperta o desejo de saborear o líquido no copo até à última gota e de prolongar os argumentos até à exaustão, sem se tornar cansativo. Sem dúvida, há muitos lugares onde se pode provar tremoços — no Egipto, no Brasil ou em outros países da bacia do Mediterrâneo e da América do Sul, onde têm suas origens — mas duvido que em algum desses lugares exista um tão reconfortante a noite do verão de Maputo.

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